sexta-feira, 7 de maio de 2010

A PELE BRANCA

Aproveito a ocasião para manifestar minha opinião de que a cor branca da pele não é natural ao homem, que, por natureza, tem pele negra ou escura, como nossos antepassados, os hindus. Por conseguinte, do seio da natureza nunca surgiu originariamente nenhum homem branco e, portanto, não existe uma raça branca, embora se fale muito a respeito, mas indivíduos que perderam a cor. Impelido ao norte, que lhe era desconhecido, onde ele apenas subsistiu como as plantas exóticas e, como estas, precisou de uma estufa no inverno, o ser humano foi embranquecendo no decorrer dos milênios.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A OPINIÃO ALHEIA

Na realidade, o valor e a preocupação constante que atribuímos à opinião alheia ultrapassam, em regra, quase todo objetivo ponderado, de modo que ela pode ser vista como uma espécie de mania generalizada ou, antes, inata.

terça-feira, 20 de abril de 2010

NATUREZA

Natura é uma expressão correta, porém eufemística: com igual direito, podeira chamar-se mortura.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A MASSA

A grande massa pensa muito pouco, porque lhe faltam o tempo e a prática necessários. Porém, assim conserva por muito mais tempo seus erros; por outro lado, não é, como o mundo dos eruditos, um catavento comandado pela rosa-dos-ventos que muda diariamente de opinião. E isso é muito bom: pois imaginar a grande e pesada massa num movimento tão rápido é um pensamento assustador, sobretudo quando se leva em consideração tudo o que poderia arrebatar e derrubar com suas mudanças.

terça-feira, 16 de março de 2010

LEITURA

Em relação à nossa leitura, a arte de não ler é extremamente importante. Ela consiste em não aceitar o que o público mais amplo sempre lê, como panfletos políticos ou literários, romances, poesias e similares, que só fazem rumor naquele momento e até atingem muitas edições no seu primeiro e último ano de vida.

segunda-feira, 8 de março de 2010

MAIS KANT

Ao se encontrar na casa do pai da moça que corteja e ser indagado sobre o motivo de sua inesperada presença, o indivíduo em questão, se não for tolo, não hesita em dar uma desculpa qualquer.

domingo, 7 de março de 2010

O JOGO DE CARTAS

De modo bastante peculiar, a necessidade de excitar a vontade revela-se na invenção e na preservação do jogo de cartas, que constitui a expressão mais autêntica do lado lastimável da humanidade.

terça-feira, 2 de março de 2010

IMPERATIVO CATEGÓRICO – UMA ALMOFADA PARA ASNOS

Já está mais do que na hora de a ética ser, de uma vez por todas, submetida a um sério interrogatório. Há mais de meio século ela repousa naquela cômoda almofada que Kant lhe preparara: o imperativo categórico da razão prática. Nos nossos dias, esse imperativo costuma ser apresentado sob o título menos suntuoso, porém mais fácil e corrente, de “lei moral”, sob a qual, após uma ligeira reverência à razão e à experiência, ele se insinua sem ser visto. Entretanto, uma vez dentro de casa, não cessa de dar ordens e comandos, sem fornecer muitas explicações. O fato de Kant , enquanto inventor do imperativo e depois tê-lo usado para eliminar erros grosseiros, ficar tranquilo com ele era justo e necessário. Porém, não é nada fácil ter de ver até os asnos rolarem na almofada preparada por ele e desde então cada vez mais acolhedora: refiro-me aos compiladores cotidianos de compêndios que, com a confiança serena que acompanha a falta de juízo, presumem ter fundado a ética quando se reportam apenas àquela lei moral que, segundo eles, reside na nossa razão, e depois quando se estendem tranquilos sobre aquele tecido de frases prolixas e confusas, com o qual conseguem tornar incompreensíveis as situações mais claras e simples da vida. Ao empreender tal iniciativa, nem chegam a se questionar seriamente se tal lei moral também estaria de fato escrita, como um código confortável da moral, na nossa cabeça, no nosso peito ou no nosso coração. Sendo assim, confesso o prazer peculiar que sinto ao tirar da moral aquela larga almofada e declaro com toda franqueza meu propósito de demonstrar que a razão prática e o imperativo categórico de Kant constituem hipóteses totalmente injustificadas, infundadas e inventadas.

domingo, 13 de dezembro de 2009

HEGELIANISMO

Uma filosofia cuja tese fundamental prega “O ser é o nada” é digna de um hospício. Em qualquer lugar fora da Alemanha é justamente para o hospício que a remeteriam.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

FÉ E SABER 2

O saber é feito de uma matéria mais dura do que a fé, de modo que, quando colidem, a última se quebra.